"ANÍSIO TEIXEIRA - EDUCAÇÃO NÃO É PRIVILÉGIO"

 

"EDUCAÇÃO COM CARA BRASILEIRA"

"A ESCOLA TEM QUE DAR OUVIDOS A TODOS E A TODOS SEVIR. SERÁ O TESTE DE SUA FLEXIBILIDADE."

 

 

O Brasil, contudo, não é exatamente uma colônia de bem-pensantes. É muito mais uma charada, um enigma, um desafio, um feixe gigantesco de problemas e clamar por solução, uma nação a lutar pelo seu desenvolvimento, e não algo de quieto e pacífico como as sociedades pré-revolucionárias dos fins do século dezoito. A despeito do que se pense formalmente, muito outro é o curso de sua marcha. A universidade se está agitando, os estudantes fazem-se inconformistas, muitos professores estão começando a se deixar sensibilizar pelos novos tempos e a idéia da universidade de pesquisa e descoberta, da universidade voltada mais para o futuro do que para o passado está visivelmente ganhando força (TEIXEIRA RBPE, 1964).”

 

 

 

            Educação de qualidade, não era para se tornar privilégio e, sim, direito básico e inalienável a qualquer cidadão. Assim acreditava Anísio Teixeira, educador, livre pensador, crítico e visionário. Propôs estratégias de democratização do ensino público, em todas as esferas, assim como, defendia à prática como alicerce para um aprendizado adequado, preocupado com a formação profissional e, também, cidadã, do povo brasileiro.

            Sua inquietação enquanto a situação educacional de sua nação, através da ressignificação do modelo pedagógico adotado e suas influências, o caracterizam como o “inventor das escolas públicas”, desenvolvendo uma educação com a “cara do Brasil”, valorizando a cultura nacional, através do saber científico.

            Do sertão Baiano para todo o país, despontava um grande revolucionário da Universidade Brasileira, já pelos anos 20/30. Em uma de suas publicações na década de 60, “Uma perspectiva da educação superior no Brasil”, ele faz uma retrospectiva histórica desde a origem da Universidade, passando pelas primeiras criadas no Brasil, sua consolidação, ainda que tardia, devido ao cenário político e social da época.

        Seu legado vai além de nossa era, destacando o importante papel da universidade moderna alemã do início do século XIX, a Universidade de Humboldt, que representa a primitiva universidade contemporânea.

        Dewey, filósofo estadunidense, o qual influenciou o educador com sua ideologia liberal e pragmática, após sua viagem aos EUA, voltando para o Brasil rico de novas propostas.

        Suas teorias se baseavam contra os isolamentos das faculdades e escolas de ensino superior, atrás de suas “fortalezas”, a estrutura arcaica, tanto destas, quanto ao posicionamento dos professores e alunos, frutos do conservadorismo, Pois, este formato, ao invés de unir, agregar, distanciava ainda mais.

        Portanto, seu intuito era o de troca e compartilhamento de saberes, desenvolver o intelecto para o coletivo, não apenas reproduzindo conhecimento, mas formando sujeitos protagonistas e criativos que contribuam e preservem a cultura nacional, já que as poucas retrógradas universidades brasileiras cultuavam o modelo europeu.

 

"Como se vê, a estrutura antiga de escolas profissionais isoladas conservou-se, constituindo a universidade apenas a sua reunião em um conglomerado de escolas sob uma autoridade comum, mais nominal e burocrática do que efetivamente administrativa e acadêmica. O reitor nem sequer poderia se atribuir a posição de líder do grande esfôrço diversificado da congérie de escolas. Era o simples representante das escolas, em suas relações externas com o Govêrno e o público. Ante a resistência assim manifestada do modêlo antigo de escolas isoladas, nem a universidade logrou estruturar-se como a nova instituição de produção do ensino superior, nem, por isso mesmo, passou a responder aos reclamos sociais para a sua expansão e diversificação. Ao contrário, resguardadas pela nova autoridade do reitor, elas se fizeram mais conservadoras, abrigando a sua imobilidade sob o escudo do relativo distanciamento em que ficaram da sociedade e do público. Com a organização da universidade, as escolas se isolaram ainda mais da sociedade como tal. Quando irrompeu, assim, a pressão social por expansão, esta não se exerceu sôbre a universidade mas sôbre o govêrno e a expansão se fêz por atos do govêrno mediante a multiplicação das escolas, e não pela reforma e ampliação do sistema existente. É, sem dúvida, significativo o fenômeno. Sabemos que as instituições de ensino são naturalmente resistentes à mudança e que a fôrça dessa resistência se situa dominantemente nos professôres.” (TEIXEIRA, 1968 P. 17-18)

 

 

            Como percebe-se, não obstante, a fim de preservar o controle governamental, as universidades foram trocadas por escolas isoladas, como fez Napoleão. A medida que se queriam criar novas escolas, era reproduzir “mais do mesmo”, ao invés de ressiginificar o modelo vigente.

        Anísio, também faz menção e critica as escolas médicas, resistentes à mudanças, mesmo sensível ao progresso tecnológico e científico.

        Destarte, ele propõe a unificação destas escolas isoladas, originando uma Universidade fortalecida, de cunho profissional e humanístico, voltadas para os interesses da nação, através da educação e patriotismo.

 

 

REFERÊNCIAS:

- TEIXEIRA, A. S. A universidade de ontem e de hoje. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.42, n.95, jun./ set. 1964. Disponível em: https://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/ontem.html. Acessado em: 22 de agosto de 2015.

 

- TEIXEIRA, Anísio. Uma perspectiva da educação superior no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v.50, n.111, jul./set. 1968. p.21-82. Disponível em:https://docs.google.com/viewera=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxjY3VuaXZlcnNpZGFkZWVzb2NpZWRhZGV1ZnNifGd4OjQzMjIzODJkMTdlZWY3NGU.

Acessado em: 22 de agosto de 2015.