"CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA O ENSINO SUPERIOR"
Apesar de seus escritos serem direcionados para o ensino básico, Paulo Freire, deixou um legado riquíssimo, que dialoga com a educação, em todos as esferas.
Uma das prerrogativas que pode-se elencar com o Ensino Superior, é a “Verticalização do conhecimento”, assim como a maioria das Universidades impõem seus saberes ao educando, que, segundo ele, crítico fervoroso desse modelo, o ideal seria a interlocução entre os pares, na construção do saber, reconhecendo a capacidade do indivíduo em relação ao outro e ao mundo.
Defendia plenamente uma educação que promovesse sujeitos autônomos, com pensamento crítico acerca das situações que o permeiam, valorizando a cultura peculiar a cada um, não apenas “receptores” de conhecimento, mas empoderados para transformar e com liberdade.
Vide exemplo, na proposta pedagógica da UFSB, pelo próprio Componente Curricular Universidade e Sociedade, através do qual, discutimos o Código de Ética, a que somos submetidos ao ingressar, quando foi oportunizada a discussão sobre o mesmo, possibilitando sugestões entre supressões e acréscimos. Essa nova proposta ratifica os ideais Freirianos, quando educando e educador, nessa perspectiva, dialogam sobre um objeto nessa “criação contínua” da UFSB.
Destarte, Freire afirmava que as relações entre professores e alunos precisam ser dialógicas e educativas, assim como as Instituições de Ensino Superior precisam ser democratizadas tanto por dentro, quanto por fora de seus muros.
Outro fator relevante é a questão do acesso à Universidade, que também tem influência das Teorias Freirianas, através da educação das massas, para que estes também sejam oportunizados a nelas estarem e que promovam a garantia de inserção e de permanência, dessa forma, na tentativa de uma democratização social. Criando-se então, um novo perfil de estudantes universitários, que precisam serem atendidos dignamente.
Como o próprio Freire dizia: “Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”.
Outra influência, são os moldes das Extensões Universitárias, que se constituíram ao longo do tempo, baseadas, também, em suas ideologias, pela dialética, o respeito à cultura local onde se insere os projetos e as mudanças, mesmo que, algumas vezes, incipiente, desde que não se falte método, numa perspectiva sociocultural e na relação com o mundo.
“A este nível espontâneo, o homem ao aproximar-se da realidade faz simplesmente a experiência da realidade na qual ele está e procura . Esta tomada de consciência não é ainda a conscientização, porque esta consiste no desenvolvimento crítico da tomada de consciência. A conscientização implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica.” (FREIRE, 1980:26 Apud SERRANO, p.6)
Rossana Serrano, em seu artigo sobre “Conceitos de Extensão Universitária: dialogando com Paulo Freire”, expõe que:
“Esta analise histórica da extensão universitária esta estruturada em quatro momentos expressivos de sua conceituação e prática: o modelo da transmissão vertical do conhecimento; o voluntarismo, a ação voluntária sócio-comunitária; a ação sócio-comunitária institucional; o acadêmico institucional, e pela compreensão do que caracteriza cada um desses momentos, a partir das práticas institucionais e contra-hegemônicas, estabelece um diálogo com o pensamento de Paulo Freire em suas idéias de diálogo, conscientização, os processos pedagógicos e transmissão do conhecimento, a relação homem/mundo, a transcendência.”
Ademais, o aluno que dialoga com a disciplina, ou componente, valorizando as experiências de vida, como fator primordial para o aprendizado eficaz, tornando-se sujeito do conhecimento, norteado pelo educador, traçando objetivos a serem alcançados, assim então, desenvolvendo criatividade e criticidade, na perspectiva emancipatória de Freire, assim como, no Ensino Superior, estimulando a autonomia do conhecimento, disciplinados metodologicamente.
Freire, defendia que 'formar' é muito mais do que desenvolver habilidades, mas formar pessoas cônscias e éticas que possuam reflexão crítica, não reproduzindo o que já existe, como nos moldes tradicionais, sem despertar curiosidade, mas provocando o educando a construir seu próprio saber, sendo o sujeito protagonista de sua própria história.
“A realidade não pode ser modificada, senão quando o homem descobre que é modificável e que ele pode fazê-lo. É preciso, portanto, fazer desta conscientização o primeiro objetivo de toda educação: antes de tudo provocar uma atitude crítica, de reflexão, que comprometa a ação.” (FREIRE, 1980:21)
REFERÊNCIAS:
- FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Ed Moraes, 1980. Disponível em: . Acesso em: 20 ago. 2015.
- SERRANO, Rossana Maria Souto Maior. Conceitos de extensão universitária: um diálogo com Paulo Freire. Disponível em: conceitos_de_extensao_universitaria.pdf (105475)
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